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CONCLAVE: ORIGEM, HISTÓRIA E FUNCIONAMENTO

Foto do escritor: História MedievalHistória Medieval

conclave na idade media

O Conclave é um dos processos mais fascinantes e secretos da Igreja Católica, responsável pela eleição do Papa. Este ritual, que combina tradição, espiritualidade e política, tem raízes profundas na história medieval e continua a ser um evento de grande importância no mundo moderno. Neste artigo, exploraremos o que é o Conclave, como ele começou e como funciona.


O que é o Conclave?


Definição e Propósito

O Conclave é a assembleia de cardeais da Igreja Católica reunida para eleger um novo Papa. A palavra "conclave" vem do latim cum clave, que significa "com chave", referindo-se ao fato de os cardeais serem trancados juntos até que uma decisão seja tomada. O objetivo do Conclave é garantir que a eleição do Papa seja feita de forma justa, secreta e eficiente.


A Importância do Papa

O Papa é considerado o sucessor de São Pedro e o líder espiritual de mais de um bilhão de católicos em todo o mundo. Sua eleição é, portanto, um evento de grande importância, não apenas para a Igreja, mas também para a comunidade global.


Como o Conclave Começou?


As Primeiras Eleições Papais

Nos primeiros séculos da Igreja, o Papa era eleito pelo clero e pelo povo de Roma. No entanto, esse processo era frequentemente marcado por disputas políticas e interferências externas. Segundo o historiador Eamon Duffy:


"As eleições papais nos primeiros séculos eram frequentemente caóticas, com facções rivais lutando pelo controle"

(Duffy, Saints and Sinners: A History of the Popes).


O Conclave de 1241


A necessidade de um processo mais organizado levou à criação do Conclave. O primeiro Conclave formal ocorreu em 1241, após a morte do Papa Gregório IX. Os cardeais foram trancados no Palácio Laterano até que um novo Papa fosse eleito. No entanto, foi apenas em 1274, durante o Segundo Concílio de Lyon, que o Conclave foi oficialmente estabelecido como o método padrão para a eleição papal.


A Bula "Ubi Periculum"


Em 1274, o Papa Gregório X promulgou a bula Ubi Periculum, que estabelecia as regras formais para o Conclave. Entre outras coisas, a bula determinava que os cardeais deveriam ser trancados juntos e que suas refeições seriam reduzidas caso a eleição demorasse muito. Segundo o historiador Agostino Paravicini Bagliani:


"A bula Ubi Periculum foi uma resposta às eleições prolongadas e às interferências políticas que haviam marcado o processo anterior"

(Bagliani, The Pope's Body).


Como Funciona o Conclave?


Os Participantes

O Conclave é composto por cardeais com menos de 80 anos de idade, conhecidos como cardeais eleitores. O número de cardeais eleitores é limitado a 120, conforme estabelecido pelo Papa Paulo VI em 1975.


O Local

O Conclave ocorre na Capela Sistina, no Vaticano. A capela é isolada do mundo exterior, e medidas rigorosas são tomadas para garantir o sigilo. Segundo o historiador John-Peter Pham:


"A Capela Sistina não é apenas um local de grande beleza artística, mas também um espaço sagrado que simboliza a solenidade da eleição papal"

(Pham, Heirs of the Fisherman).


O Processo de Votação

A eleição é feita por voto secreto. Cada cardeal escreve o nome de seu candidato em um pedaço de papel, que é depositado em um cálice na altar. Os votos são contados e queimados após cada rodada. A fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina indica o resultado: fumaça preta significa que nenhum Papa foi eleito, enquanto fumaça branca anuncia a eleição de um novo Papa.


A Maioria Qualificada

Para ser eleito, um candidato deve receber pelo menos dois terços dos votos. Se após várias rodadas nenhum candidato atingir essa maioria, o processo pode ser alterado para permitir a eleição por maioria simples.


O Anúncio do Novo Papa

Uma vez eleito, o novo Papa é perguntado se aceita o cargo. Se aceitar, ele escolhe um nome papal e é vestido com as vestimentas papais. Em seguida, o cardeal protodiácono anuncia a eleição com a famosa frase "Habemus Papam" ("Temos um Papa").


O Conclave na Era Moderna


Mudanças Recentes

O Conclave passou por várias reformas ao longo dos séculos. Em 1996, o Papa João Paulo II emitiu a constituição apostólica Universi Dominici Gregis, que atualizou as regras do Conclave. Entre outras coisas, o documento permitiu a eleição por maioria simples após 34 rodadas sem resultado.


O Sigilo e a Segurança

O sigilo é uma das características mais importantes do Conclave. Os cardeais são proibidos de se comunicar com o mundo exterior, e medidas rigorosas são tomadas para evitar vazamentos. Segundo o historiador Gianvittorio Signorotto:


"O sigilo do Conclave é essencial para garantir que a eleição seja feita sem interferências externas"

(Signorotto, Il Conclave: Storia di una istituzione).


Conclusão


O Conclave é um processo único que combina tradição, espiritualidade e política. Suas origens remontam à Idade Média, quando a Igreja buscava um método mais organizado e justo para a eleição papal. Hoje, o Conclave continua a ser um evento de grande importância, marcado pelo sigilo, a solenidade e a profunda espiritualidade. Ao estudar o Conclave, podemos entender melhor a história e o funcionamento da Igreja Católica.


 

Referências Bibliográficas


Duffy, Eamon. Saints and Sinners: A History of the Popes. Yale University Press, 1997.


Bagliani, Agostino Paravicini. The Pope's Body. University of Chicago Press, 2000.


Pham, John-Peter. Heirs of the Fisherman: Behind the Scenes of Papal Death and Succession. Oxford University Press, 2004.


Signorotto, Gianvittorio. Il Conclave: Storia di una istituzione. Il Mulino, 2005.


Walsh, Michael. The Conclave: A Sometimes Secret and Occasionally Bloody History of Papal Elections. Canterbury Press, 2003.

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