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A CRUZADA NO BÁLTICO E O PAPEL DAS ORDENS MILITARES

Matheus Esteves do Couto


Ao longo das inúmeras campanhas militares intituladas de cruzadas, sejam estas no oriente que totalizaram oito, ou na Própria Europa, exércitos cruzados tomavam castelos e cidades, porém, era necessário grupos de indivíduos que estivessem dispostos a manter as guarnições e a logística de diversos territórios, assim como reafirmar a presença de um exército cristão treinado, para tal propósito foram surgindo as ordens militares religiosas.


As ordens militares assumiam consigo o propósito de serem além de militares, religiosos, se comportavam como monges, assumiam votos de castidade, pobreza, obediência e de guerrear nas cruzadas, o conceito do monge-guerreiro foi polêmico e muitas destas ordens além de assumirem um papel militar e de defesa de territórios, se tornaram poderosas e influentes. Uma das que se tornaram mais famosas, foi a Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, ou Ordem dos Cavaleiros Templários.


Acima, uma imagem representando um Cavaleiro Templário em Combate.

A Ordem dos Cavaleiros Templários foi fundada com a função de defesa e proteção de peregrinos que rumavam para a terra santa, eram conhecidos por seu hábito monástico branco e a cruz vermelha que ostentavam no peito.


Tinham um corpo administrativo extenso, chefiados pelo Mestre da Ordem, ou Grão Mestre, no seu auge contavam com 20.000 membros e foram famosos por participarem de diversas batalhas nas cruzadas, na Reconquista, como na batalha de Las Navas de Tolosa, o cerco de Tomar, quando os templários portugueses resistiram a uma tentativa de invasão moura e o cerco de Santarém, durante a terceira cruzada, lideraram a cavalaria do rei inglês Ricardo Coração de Leão, estiveram na batalha de Hattim quando o exército cruzado foi aniquilado pelo Califa Fatimida Sal-Al-Hadim (Saladino), em pequenas expedições militares guerrearam contra os mongóis, e quando a Acre, a última cidade dos cruzados na terra santa caiu em 1291, tiveram papel na defesa da cidade. A ordem cessou de existir em 1312 por razões políticas, morais e disputas judiciais.


Mas, apesar de poucas expedições terem rumado para a conquista da Terra Santa novamente. O ideal cruzado não cessou de existir, no século XIII, XVI e XV, o norte da Europa, o báltico, era habitado por diversas tribos de fé pagã que frequentemente saqueavam reinos cristãos do norte e eram um empecilho na expansão territorial de duques poloneses e do Sacro Império Romano Germânico, durante a terceira cruzada ( 1189-1192 ), uma ordem monástica germânica surgiu com a intenção de fornecer assistência médica e ser um porto seguro para peregrinos germânicos na Terra Santa.


A Ordem Teutônica surgiu com este propósito, adotou o propósito da Ordem Hospitalária, e a regra dos cavaleiros Templários, em 1198, foi efetivada como ordem militar e se envolveu também em diversos embates e operações militares na própria Terra Santa. Mas, após a queda de Jerusalém, a Ordem Teutônica foi convidada a proteger e a fornecer tropas para diversas operações militares no báltico, guerreando contra tribos samogícias, livonianas e estonianas, a ordem foi famosa por fundar lá um estado cruzado que tinha como função guerrear contra a militância pagânica no norte da Europa.


Acima, Cavaleiros Teutônicos guerreando contra hordas nômades.

A Ordem Teutônica fundou seu estado no báltico, um estado cruzado que guerreou não só contra tribos pagãs no báltico, mas também contra o Reino da Polônia que ambicionava parte de seus territórios, os príncipes ortodoxos de Kiev, e tiveram até um braço forte de outra ordem religiosa, Os Irmãos da Espada Livoniana.


A ordem foi famosa por representar o ideal cavaleiro do século XIII e XVI, muitos nobres europeus se consagravam em feitos de batalha guerreando contra tribos ou se envolvendo nas disputas militares da ordem Teutônica contra duques poloneses que frequentemente se aliavam a eslavos considerados heréticos ou ortodoxos chamados pelos ocidentais de cismáticos (remontando ao grande cisma de 1054 que dividiu a Igreja Católica e Ortodoxa como duas unidades diferentes ).


Entretanto, em 1410, dada a perda da batalha de Grunwald contra o rei polonês e o grão príncipe lituano, a ordem sofreu um processo de perda territorial, perda de influência, combinada com a degradação moral de seus membros e rixas internas, a ordem foi secularizada em 1530 se tornando vassala do rei polonês até que Napoleão no século XIX, secularizou as posses da ordem na conquista dos reinos germânicos.


O braço livoniano da ordem, Os Irmãos da Espada, continuou a se manter como um estado cruzado e católico que sobrevivia as duras penas em meio a reinos de caráter protestante, o estado a duras penas resistiu a invasões dos moscovitas de Ivã IV o terrível, a ordem Livoniana segurou as invasões moscovitas até 1582, lutando contra um czar russo ortodoxo e protegendo de forma indireta súditos luteranos e católicos.


Em 28 de novembro de 1561, a ordem foi secularizada e o mestre desta se tornou um duque e seus membros foram feitos nobres secularizados no báltico. Em vermelho, compreende-se o território dos cavaleiros teutônicos no báltico em seu auge.

 
 
 

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