
Carlos Magno, também conhecido como Carlos, o Grande, foi um dos monarcas mais influentes da Idade Média. Rei dos Francos e Lombardos, e mais tarde coroado como Imperador do Sacro Império Romano, ele deixou um legado que moldou a Europa medieval. Além de suas conquistas militares e políticas, Carlos Magno era uma figura cheia de peculiaridades e curiosidades. E hoje, exploraremos 10 fatos fascinantes sobre sua vida e reinado.
1. A Altura Impressionante de Carlos Magno
Carlos Magno era conhecido por sua estatura imponente, algo incomum para a época. De acordo com o biógrafo Einhard, que escreveu Vita Karoli Magni (A Vida de Carlos Magno), ele media cerca de 1,90 metros de altura. Einhard descreve:
"Ele era grande e forte, e de estatura elevada, embora não excessivamente; pois sua altura era de sete vezes o comprimento de seu pé"
(Einhard, Vita Karoli Magni, século IX).
Essa altura era notável em uma época em que a média dos homens europeus era de aproximadamente 1,70 metros.
2. O Imperador que Não Sabia Escrever
Apesar de ser um grande incentivador da educação e do Renascimento Carolíngio, Carlos Magno tinha dificuldades com a escrita. Einhard relata que o imperador tentou aprender a escrever na idade adulta, mas nunca dominou completamente a habilidade:
"Ele tentou escrever e costumava manter tabuinhas e cadernos debaixo do travesseiro, para que, em seu tempo livre, pudesse praticar traçar letras; mas o esforço começou tarde demais e teve pouco sucesso"
(Einhard, Vita Karoli Magni, século IX).
No entanto, ele valorizava o conhecimento e cercou-se de intelectuais como Alcuíno de York.
3. A Coroação como Imperador no Natal do Ano 800
Um dos momentos mais icônicos da história medieval foi a coroação de Carlos Magno como Imperador do Sacro Império Romano no dia de Natal do ano 800, pelo Papa Leão III. Esse evento ocorreu na Basílica de São Pedro, em Roma, e marcou o renascimento do conceito de Império Romano no Ocidente. Segundo os Anais Reais (Annales Regni Francorum)
"o povo romano gritou em voz alta: 'A Carlos Augusto, coroado por Deus, grande e pacífico imperador dos romanos, vida e vitória!'"
(Anais Reais, século IX).
A coroação fortaleceu a aliança entre a Igreja e o Estado, mas também gerou tensões com o Império Bizantino, que se via como o verdadeiro herdeiro de Roma.
4. Carlos Magno e o Renascimento Carolíngio
Carlos Magno foi um grande patrono das artes e da educação, promovendo o chamado Renascimento Carolíngio. Ele fundou escolas em mosteiros e catedrais, incentivou a cópia de manuscritos antigos e atraiu estudiosos de toda a Europa para sua corte em Aachen (Aquisgrano). Alcuíno de York, um dos principais intelectuais da época, escreveu:
"O imperador é a luz do mundo, enviado por Deus para iluminar as trevas da ignorância"
(Alcuíno, Epistolae, século IX).
Esse movimento preservou muitos textos clássicos que poderiam ter sido perdidos.
5. O Amor pela Caça e pelos Banhos Termais
Carlos Magno era um ávido caçador, uma atividade que combinava exercício físico com estratégia militar. Ele também apreciava banhos termais, especialmente nas águas quentes de Aachen, onde construiu seu palácio real. Einhard relata que
"ele costumava banhar-se frequentemente nas águas termais e era um nadador exímio"
(Einhard, Vita Karoli Magni, século IX).
Esses banhos eram um luxo raro na época e refletiam seu status imperial.
6. A Dieta de Carlos Magno
Carlos Magno tinha hábitos alimentares simples, mas generosos. Ele preferia carne assada, especialmente de caça, e desprezava a bebedeira, apesar de apreciar vinho. Einhard observa que
"ele comia moderadamente e raramente fazia festins, exceto em ocasiões especiais"
(Einhard, Vita Karoli Magni, século IX).
Ele também era conhecido por sua hospitalidade, oferecendo banquetes para convidados e embaixadores estrangeiros.
7. A Preocupação com a Justiça e as Leis
Carlos Magno era um governante justo e meticuloso. Ele reformou o sistema legal franco, criando os Capitulares, uma série de decretos que regulamentavam desde a administração do reino até questões religiosas. Segundo o historiador Rosamond McKitterick:
"os Capitulares refletem a visão de Carlos Magno de um império unificado sob a lei e a fé cristã"
(McKitterick, Charlemagne: The Formation of a European Identity, 2008, p. 123).
Ele também enviava missi dominici (enviados do senhor) para garantir que suas leis fossem cumpridas em todo o império.
8. A Família Numerosa de Carlos Magno
Carlos Magno teve várias esposas e concubinas, e sua família era enorme. Ele teve pelo menos 18 filhos, muitos dos quais ocuparam cargos importantes no império. No entanto, ele era rigoroso com a educação dos filhos, garantindo que fossem instruídos em artes liberais e habilidades militares. Einhard relata que:
"ele não permitia que suas filhas se casassem, talvez para evitar alianças políticas indesejadas"
(Einhard, Vita Karoli Magni, século IX).
9. A Morte e o Enterro em Aachen
Carlos Magno morreu em 28 de janeiro de 814, aos 72 anos, após 47 anos de reinado. Ele foi enterrado na Catedral de Aachen, que ele mesmo havia construído. Segundo a lenda, ele foi sepultado sentado em um trono, vestido com suas insígnias imperiais. A catedral tornou-se um local de peregrinação e, em 1165, ele foi canonizado pelo antipapa Pascoal III, embora a canonização nunca tenha sido reconhecida oficialmente pela Igreja.
10. O Legado de Carlos Magno
Carlos Magno é frequentemente chamado de "Pai da Europa" por seu papel na unificação da Europa Ocidental e na promoção da cultura e da educação. Seu império não sobreviveu intacto após sua morte, mas seu legado influenciou a formação dos estados modernos da Europa. Como escreve o historiador Johannes Fried:
"Carlos Magno foi um construtor de impérios, um defensor da fé e um visionário cujo impacto ressoa até os dias de hoje"
(Fried, Charlemagne, 2016, p. 12).
Fontes e Referências
Einhard. Vita Karoli Magni (A Vida de Carlos Magno). Século IX.
Annales Regni Francorum (Anais Reais dos Francos). Século IX.
McKitterick, Rosamond. Charlemagne: The Formation of a European Identity. Cambridge University Press, 2008.
Fried, Johannes. Charlemagne. Harvard University Press, 2016.
Alcuíno de York. Epistolae. Século IX.
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